quinta-feira, 20 de maio de 2010

Gênio da lâmpada


Sonhos. O que seria de nós, seres humanos, sem eles?
Acredito que o desejo por coisas que nos deixam felizes nasce com cada pessoa, não é algo que tenha que se aprender. Nem é um simples fruto da sociedade capitalista na qual vivemos, pois nem sempre a ambição é por algo material, algo que se possa comprar. Além disso, muitas vezes a realização das coisas que queremos depende não só de nossas ações, mas da colaboração de outras pessoas, o que torna tudo ainda mais complicado.
Alguns dos meus sonhos permaneceram comigo por muito tempo, vem desde a época que eu era muito miudinha até hoje(não que eu seja realmente algo tão maior que miudinha). Sempre quis ser jornalista e escrever as minhas ideias para muitas pessoas lerem, encontrar um príncipe que me amasse, ter meus próprios bebês, tocar piano e ter minah própria biblioteca. Mas desde a época em que eu almejava isso pra minha vida, eu também queria coisas menores e que também já passaram. Eu queria cada barbie que era lançada(apesar de destruir todas assim que ganhava, pequenos acidentes como cortes de cabelos e pernas quebradas), queria ter o cabelo igual o da Maria Joaquina de Carrocel(e para isso fazia minha mãe pentear o meu todos os dias com aquele topete horroroso) e queria saber dançar quadrilha direitinho.
Com o passar dos anos as coisas vão mudando, assim como muitas de nossas vontades. Obviamente que comigo não seria diferente. A paixão pelas barbies acabou sendo substituída pelos ursos de pelúcia e posteriormente por bolsas de bichinhos, o cabelos seria bom o suficiente contanto que ficasse no lugar e não demorasse tanto pra arrumar, e a quadrilha, bem, eu continuei tentando, mas fui obrigada a desistir por motivos de força maior(leia-se não saber fazer o patinho voou). Comecei a querer coisas diferentes, ás vezes esses desejos mudavam até rápido demais. Influência de amigos, bandas, novelas... Alguns tão simples, outros completamente surreais.
Eu observo as pessoas e ás vezes me pergunto, o que elas pediriam se pudessem ter um desejo antendido, como aqueles gênios da lâmpada que aparecem nos desenhos animados. Talvez alguns pedissem muito dinheiro, pra não ter de se preocupar com o sustento pelo resto da vida, outros podem pedir poder sobre muitas pessoas, quem sabe a cura de alguma doença maligna ou uma juventude prolongada? Podem ainda existir pedidos de sabedoria, conhecimento, sucesso, amor e prosperidade. O geral que as pessoas desejam.
O problema é que nem sempre o que achamos ser o necessário para nos deixar felizes o é. Temos que saber lidar com as coisas que recebemos, aproveitá-las e fazer delas a real felicidade. Às vezes tudo isso que gostaríamos de ter poderia ser facilmente arranjado, se olhassemos de fato pra nós mesmos e pras pessoas que fazem parte de nossas vidas, pra todas as nossas chances e oportunidades.
Já aconteceu de você ter tudo o que mais queria pra você e não ter consciência disso? Não aproveita o suficiente, não cuida como deveria e não agradece pelo presente recebido? Bom, essa falta de percepção pode gerar a perda do que você tem. É como se você ganhasse na loteria e não se desse conta, então alguém toma o prêmio de você. E só aí você percebe o quanto perdeu.
É por isso que temos de parar de ficar pensando no que poderia ser, no quanto você seria feliz se tivesse isso ou aquilo, como se esperasse que as coisas acontecessem por si só, sem qualquer ajuda sua. É importante notar que os nosso sonhos podem estar mais próximos de nós do que pensamos, por mais que isso pareça clichê. O caso é que às vezes demora pra saber o que é seu sonho real, o que realmente se deseja. Não precisamos de um gênio da lâmpada, nem de um passe de mágica. Cada um tem o poder de alcançar o que precisa. Pode ser que tudo dependa apenas de uma nova chance e da possibilidade de recomeçar do zero.

Yara Lopes

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