segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Oscilações de humor

Humor é algo muito fácil de oscilar. Tudo pode estar muito bem, e um simples acontecimento faz o seu mundo girar de forma desagradável, negativa, inaceitável. Como um “não” pode derrubar um castelo que foi tão bem planejado, estruturado e construído ? Como um telefonema te faz ter vontade de dormir pra sempre, de cair no limbo, no esquecimento, de congelar apenas para evitar de sentir ? O contrário também pode ter efeito parecido. Uma mensagem que não chega e mata as esperanças, um olhar não correspondido que põe um fim na noite, as palavras que são guardadas e provocam explosão interna. Existem infinitas coisas que podem fazer tudo ficar ruim, não é necessário esperar um motivo, ele acaba por vir. Uma escolha básica, como atravessar a rua agora e não no próximo quarteirão pode te fazer tropeçar numa pedra, cair no chão e quebrar o braço. Ou você pode ser assaltado. Ou pode se encontrar com um conhecido, se distrair e chegar atrasado em um compromisso importante.

Ainda assim, a vida entrega pra gente o dobro de motivos para alcançar coisas legais do que os infinitos que a tristeza tem. É acordar todos os dias e ver que apesar de tudo que pode ter acontecido ontem, ainda tem o hoje, o agora, pronto pra ser escrito, pra ser vivido, seja com erros ou com acertos. Mesmo as escolhas negativas, os momentos de raiva e as horas de choro conseguem ser boas coisas, afinal, elas aconteceram, existiram, fazem parte de você. Tudo isso parece clichê e auto-ajuda ? E daí ? Qual é o problema em ser bobo, em fazer coisas idiotas, em viver sem medo do que as pessoas pensem de você ? Por que não tirar alguns momentos para andar num parque, sentar na grama e comer uma maçã do amor ? Por que não deixar-se molhar pela chuva inesperada ? Por que não chorar ao ver um filme de amor ? Guarde aquele bilhete que te traz lembranças boas, ligue no dia seguinte se gostou do que aconteceu, fale o que está na sua cabeça, se reprima menos.

Seu castelo foi destruído, poxa, que barra, construa então uma cabaninha e seja feliz nela. Não receber uma mensagem pode significar tanto que não deu certo e que há um novo começo pela frente quanto que alguém está sem créditos ou que empresas telefônicas não funcionam direito. Uma não retribuição de olhares é bem chato, mas existem vários outros pares de olhos por aí, alguns deles inclusive procurando o seu, que estava ocupado demais pra reparar nisso tentando olhar pra quem não te vê. Pra que ficar no limbo, pra que deixar de sentir quando há tantas sensações boas que a gente ainda nunca sentiu ? Como se satisfazer com a dormência após uma decepção se ainda há a adrenalina de uma montanha russa, o frio na barriga de um segundo encontro, o conforto de um abraço de mãe/pai, a cumplicidade no falar mudo dos amigos e o delicioso momento em que matamos a saudade ? Batemos a cara na parede, sofremos, nos desesperamos, é verdade, mas ao menos tivemos experiências e a cada vez que erramos ganhamos uma nova chance de acertar, ou simplesmente de errar de novo. Na verdade, não importa, porque são nesses caminhos buscando o que a gente quer é que conhecemos pessoas, aprendemos coisas novas, vamos a lugares diferentes, guardamos histórias pra contar, vivemos.

Então vivamos as oscilações de humor, no sentido de que uma coisa ruim possa ser tranformada em uma coisa boa, de que um erro te ensine alguma coisa, de que um “não” te faça valorizar bem mais um “sim”, de quem um fora te deu a oportunidade de conhecer alguém bem mais interessante e de que um período de fossa te deixe mais forte. É a coisa mais boba e mais dita de todas, mas as coisas boas de fato acontecem quando a gente menos espera. Não dá pra ficar planejando um final feliz, mas com certeza podemos tornar melhor e mais válido cada minuto, tendo vários minutos legais, horas incríveis e dias memoráveis, sempre. Sendo assim, quem precisa de um final ?


Yara Lopes

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Perdido?


Já acordastes perdido
Tentando encontrar alguém
Tentando fugir do perigo
So medo que simplesmente vem?

Olhaste por uma janela
Buscando respostas de algum lugar
Pra tal escuridão uma vela
Algo a que se apegar?

Perdestes toda esperança
Como se a música perdesse o som
A paralisia tomasse a dança
O poeta perdesse o dom?

Como seria acordar em um mundo
Que não tivesse fim ou começo
Só um poço sem fundo
Uma carta sem endereço?

O silêncio para quem pergunta
O desconsolo para quem chora
A derrota para quem luta
A eternidade para quem quer o agora

Yara Lopes