segunda-feira, 27 de junho de 2011

O tempo pára

Olho o relógio
O tempo não passou
Parece parado, congelado
Só pra brincar comigo.
Fecho os olhos, abro
Fecho de novo, só pra ter certeza.
Tenho um vislumbre
Perco o fôlego.
Forço minha mente a ficar ali
Admirando, relembrando, querendo.
Aspiro o ar e sinto seu cheiro
Presto atenção e ouço sua voz
Estendo as mãos, quero te tocar
Parecia tão real.
Mas foi só minha fantasia
Meu desejo de estar perto.
Olho pro céu, o sol ainda brilha
A noite demora a vir.
O relógio continua parado
E o tempo teima em se alongar
Mas meu coração bate, então eu sei
Que está mais perto de te ver de novo.

Yara Lopes

terça-feira, 21 de junho de 2011

Chegada

Não sei bem como aconteceu
Nem mesmo sei se isso é alguma coisa
Você surgiu, assim, bem na minha frente
Cheio de vida, mistério e vontade
Me mostrou que nem tudo é possível, ou real
Mas que o impossível é alcançável
E que sonhar é permitido
Então me deixei levar
Por seus olhos, seus beijos, seu toque
Me larguei em seus mistérios
Te envolvi em minhas histórias bobas
E me permiti sonhar
Idealizar
Realizar

Yara Lopes

terça-feira, 14 de junho de 2011

O que é isso que a gente tem?


O ser humano é complicado. Se relacionar com um "romanticamente" então... Pode às vezes até parecer impossível. Os primeiros encontros são os mais difíciceis de lidar, não exitem regras, dicas ou manuais sobre como se comportar, para dizer o que é permitido e o que é desejável. Vale mandar mensagens? Ligar? Como deve-se comprimentar? E se for sair sozinho, deve-se avisar? Estou sozinha ou acompanhada?

A cada fim de encontro, a cada despedida, podemos nos perguntar se haverá uma outra vez e quando ela seria. É a agonia de esperar uma ligação ou uma notícia inesperada, um inbox no facebook ou uma janelinha pisca no msn. E mesmo com a agonia gritante dentro da gente, ainda tentar fazer o papel de desentendida, calma e até ocupada, porque claramente não queremos demonstrar um desespero ou interesse demasiado. Respira. Mantem a calma. Espera o convite pra próxima vez, que simplesmente vem, com naturalidade, porque é assim que tem que ser. E o medo vai embora, ao menos temporariamente, porque ele volta quando vai dando a hora de ter que ver a pessoa ao vivo novamente. Pegar na mão? Abraçar? Falar que queria ver de novo, ou não falar nada?

Mas o melhor de tudo é quando essa fase confusa passa e você já pode mandar uma mensagem quando tem vontade, falar com sinceridade o lugar onde realmente quer ir e pedir ajuda alguma coisa idiota. É ter naturalidade na hora de ser ver, de se cumprimentar e de dar as mãos para caminhar na rua. Admitir que está morrendo de frio com aquela roupa, que não conhece aquele escritor famoso que a pessoa gosta ou que quer muito comer outra sobremesa. É quando as coisas começam a fluir, os movimentos são apenas passos naturais, parece que e como deveria ser. Vocês conversam todos os dias, contam das rotinas, riem de uma piada ruim que o outro diz. Veem algo na TV que lembra uma conversa, ouvem uma música que com certeza foi escrita pra vocês e acham que o tempo passa de forma diferente para certos momentos, acelera quando estão juntos e passa devagarzinho quando estão longes.

Apesar de tudo isso, fazem questão de dizer que não tem nada um com o outro, pra qualquer um que pergunte a resposta vai ser firme, depois de tanto ensaio: "estamos ficando, é só isso". É só isso? A conversa pode até ser evitada e o assunto é procrastinado, mas, o que é isso que a gente tem? Tendemos a achar que a dúvida vem só da nossa cabeça, que o outro nem pensa nesse tipo de coisa, sendo que no fundo é uma dúvida dos dois, uma pergunta que se passa, mas que acaba sendo engolida, guardada. A gente tenta, então, advinhar, e cria milhares de teorias mirabolantes, pensa coisas insensatas, chega a beira da paranóia. Apenas uma pergunta, boba, mas que trava a língua na hora de receber uma resposta.

Mas, será que realmente precisamos de uma resposta? Se ela é tão necessária, acho que dá pra se contentar com carinho. O mais importante não é uma definição da relação que está sendo mantida, mas do que ela significa, do que nela é vivida, dos momentos legais que ela proporciona. Estar juntos, olhar no olho( porque olhar pros dois olhos de uma pessoa ao mesmo tempo é impossível, podem testar), confiar um segredo, compartilhar uma sobremesa, fazer uma surpresa, sentir saudades... É isso que a gente tem. Uma vivência gostosa que nunca é suficiente num dia só e traz a vontade de se ver de novo.

Yara Lopes

sexta-feira, 10 de junho de 2011

Não é você, sou eu


Pra mim, e sei que pra um monte de gente também, términos são coisas com as quais a gente não deveria ter de lidar, é simplesmente difícil demais. Ouvir que aquilo que se tinha acabou, que agora é o fim, definitivamente, e que você não faz mais parte da vida daquele alguém é algo que doi. É dor, pura e profunda.

E existem várias formas pras pessoas dizerem isso, mas a clássica é: “Não é você, sou eu”. E é aí que começa um discurso pronto, que deve passar de pai para filho, geração após geração desde que o mundo é mundo.

“A gente precisa conversar. Eu nem sei como começar a dizer isso, não achei que fosse chegar a esse ponto, poderia ter sido só mais uma fase. Infelizmente não dá mais pra continuarmos juntos, a partir de agora nossa vida vai ter de tomar caminhos diferentes. Eu pensei muito antes de tomar essa decisão, sei que é uma coisa grande, mas agora isso é tudo que posso fazer. E não é um tempo, não é uma briga. Não adianta me perguntar o que você fez de errado, o que está acontecendo ou qual a forma de conseguir consertar isso. Você é uma pessoa maravilhosa, vivemos muitas coisas lindas juntos e boa parte dos melhores momentos da minha vida foram ao seu lado. Conseguimos crescer, não só como um casal, mas individualmente, nos tornamos pessoas melhores, amadurecer. Fomos felizes, sim. Tivemos nossos momentos ruins, também, mas quem não tem, não é? Eu só posso te garantir que foi tudo real, foi tudo de mais verdadeiro que eu já tive. E que tá doendo muito mais em mim do que em você, cada palavra que eu digo parece ser uma chibatada no meu peito, porque eu vejo os seus olhos, eu sinto o que você sente. Eu tô sofrendo duplamente. Se eu pudesse eu sofreria cem vezes mais, e tiraria qualquer dor que eu possa estar te causando. Você não merece. Até porque, a causa disso tudo não é sua. É minha. Não é você, sou eu. Eu que não consigo mais levar esse relacionamento, eu que não sou bom o suficiente pra isso, eu que não pertenço mais a esse tipo de situação. Daqui um tempo você vai perceber que foi melhor assim, que nós dois já não éramos mais um. E você vai ser feliz, muito mais do que já foi agora, eu vou ser também. E não, não posso te falar o motivo pra isso, eu não tenho um. E novamente, não, não tem nada que você possa fazer pra eu voltar atrás. Eu não quero mais você.”

Muita gente pode dizer que foi um jeito até fofo de terminar. Eu digo que é um jeito cruel, que é o pior jeito de todos. É um discurso que não te permite ter raiva da pessoa e que não te dá uma razão a qual culpar. Tudo que você tem é que você era muito legal e que a culpa é da outra pessoa, e o motivo é nenhum. Só ficam as memórias de tudo que se viveu, martelando, assombrando, gravando aparentemente de maneira permanente na cabeça, pra não te deixar esquecer nem durante os sonhos.

Só fico me perguntando: por que a gente não pode ter ao menos a verdade? Por que essa história de dizer que é um problema consigo mesmo? Por que não dizer logo na cara que a culpa é do outro, que a pessoa não completa mais, que o seu jeito já não agrada, que seu sorriso não brilha tão forte ou que os olhos deixaram de falar? Admitir quais foram os erros, quais as características tão inadmissíveis, qual foi o momentos em que se perdeu.

Ou então a pessoa vai perceber depois de um tempo, que mesmo sem a intenção, as palavras ditas foram as mais certas. Era realmente ela, que não era boa o suficiente, que não pertencia a uma coisa tão especial, que era cega e não via quão sortudo era por estar num relacionamento tão bonito. E mais uma vez estava certo quando disse que você perceberia que não dava mais certo, que encontraria alguém e que seria feliz, porque você vai ser. Mas ela errou em um ponto. Essa pessoa não vai ser tão mais feliz, pelo menos não quando perceber o que jogou fora e agora é ela que não pode mais fazer nada pra te ter de volta.


Yara Lopes


sábado, 4 de junho de 2011

E daqui pra frente?


Muitas vezes é difícilconseguir entender a sua própria vontade. O que realmente se quer? Qual é a opinião verdadeira?

Uma das coisas mais atormentadoras que existem é o nascer de uma dúvida, uma daquelas que te fazem perder a sua base, sua personalidade, sua essência. O que é real? Durante todo esse tempo em que essas perguntas não vieram a tona, quem era você? E daqui pra frente? Deve-se fechar os olhos para o mundo novo que acabou de ser apresentado e continuar vivendo como sempre em sua área de conforto ou se aventurar num abismo desconhecido e cheio de possibilidades? Quem você deseja ser?

Seria realmente possível escolher os caminhos que queremos trilhar, construir uma pessoa em você, desenhar a sua vida? Até que ponto somos responsáveis pelo nosso interior? Onde termina a nossa vontade e onde começa o que já nasceu em nós?


Me pergunto se haveria uma fora de controlar determinados impulsos que aparecem na mente da gente. Seria natural se pudéssemos escoonder? É o que queremos? Seria útil poder lidar melhor com esses desejos repentinos que só fazem crescer.

São milhares de perguntas e dúvidas borbulhando no coração e passando de maneira escorregadia e perturbadora por todo o corpo. Não consigo decidir o que fazer, quem gostaria de ser ou aonde isso vai dar. Mas minha imaginação consegue montar um futuro possível e ele é deliciosamente perigoso.

Yara Lopes