quinta-feira, 20 de maio de 2010

Gênio da lâmpada


Sonhos. O que seria de nós, seres humanos, sem eles?
Acredito que o desejo por coisas que nos deixam felizes nasce com cada pessoa, não é algo que tenha que se aprender. Nem é um simples fruto da sociedade capitalista na qual vivemos, pois nem sempre a ambição é por algo material, algo que se possa comprar. Além disso, muitas vezes a realização das coisas que queremos depende não só de nossas ações, mas da colaboração de outras pessoas, o que torna tudo ainda mais complicado.
Alguns dos meus sonhos permaneceram comigo por muito tempo, vem desde a época que eu era muito miudinha até hoje(não que eu seja realmente algo tão maior que miudinha). Sempre quis ser jornalista e escrever as minhas ideias para muitas pessoas lerem, encontrar um príncipe que me amasse, ter meus próprios bebês, tocar piano e ter minah própria biblioteca. Mas desde a época em que eu almejava isso pra minha vida, eu também queria coisas menores e que também já passaram. Eu queria cada barbie que era lançada(apesar de destruir todas assim que ganhava, pequenos acidentes como cortes de cabelos e pernas quebradas), queria ter o cabelo igual o da Maria Joaquina de Carrocel(e para isso fazia minha mãe pentear o meu todos os dias com aquele topete horroroso) e queria saber dançar quadrilha direitinho.
Com o passar dos anos as coisas vão mudando, assim como muitas de nossas vontades. Obviamente que comigo não seria diferente. A paixão pelas barbies acabou sendo substituída pelos ursos de pelúcia e posteriormente por bolsas de bichinhos, o cabelos seria bom o suficiente contanto que ficasse no lugar e não demorasse tanto pra arrumar, e a quadrilha, bem, eu continuei tentando, mas fui obrigada a desistir por motivos de força maior(leia-se não saber fazer o patinho voou). Comecei a querer coisas diferentes, ás vezes esses desejos mudavam até rápido demais. Influência de amigos, bandas, novelas... Alguns tão simples, outros completamente surreais.
Eu observo as pessoas e ás vezes me pergunto, o que elas pediriam se pudessem ter um desejo antendido, como aqueles gênios da lâmpada que aparecem nos desenhos animados. Talvez alguns pedissem muito dinheiro, pra não ter de se preocupar com o sustento pelo resto da vida, outros podem pedir poder sobre muitas pessoas, quem sabe a cura de alguma doença maligna ou uma juventude prolongada? Podem ainda existir pedidos de sabedoria, conhecimento, sucesso, amor e prosperidade. O geral que as pessoas desejam.
O problema é que nem sempre o que achamos ser o necessário para nos deixar felizes o é. Temos que saber lidar com as coisas que recebemos, aproveitá-las e fazer delas a real felicidade. Às vezes tudo isso que gostaríamos de ter poderia ser facilmente arranjado, se olhassemos de fato pra nós mesmos e pras pessoas que fazem parte de nossas vidas, pra todas as nossas chances e oportunidades.
Já aconteceu de você ter tudo o que mais queria pra você e não ter consciência disso? Não aproveita o suficiente, não cuida como deveria e não agradece pelo presente recebido? Bom, essa falta de percepção pode gerar a perda do que você tem. É como se você ganhasse na loteria e não se desse conta, então alguém toma o prêmio de você. E só aí você percebe o quanto perdeu.
É por isso que temos de parar de ficar pensando no que poderia ser, no quanto você seria feliz se tivesse isso ou aquilo, como se esperasse que as coisas acontecessem por si só, sem qualquer ajuda sua. É importante notar que os nosso sonhos podem estar mais próximos de nós do que pensamos, por mais que isso pareça clichê. O caso é que às vezes demora pra saber o que é seu sonho real, o que realmente se deseja. Não precisamos de um gênio da lâmpada, nem de um passe de mágica. Cada um tem o poder de alcançar o que precisa. Pode ser que tudo dependa apenas de uma nova chance e da possibilidade de recomeçar do zero.

Yara Lopes

quinta-feira, 13 de maio de 2010

Você já sorriu hoje?




Tantas coisas podem ser mudadas por um sorriso. Você já parou pra pensar nisso?
Uma pessoa que já chegam em algum lugar, seja na escola, no trabalho ou na casa de alguém, sorrindo traz consigo uma energia muito boa, que na hora ilumina quem estiver presente. O começo de um dia pode ser bem melhor com a alegria que brota num simples sorrir. Pode ser que o dia não esteja bom, que você esteja sofrendo, que os problemas estejam realmente grandes. E com isso vem o mau-humor, a raiva, o jeito rabugento de ser.
Mas, as outras pessoas também podem ter seus problemas, seus sofrimentos e suas complicações. E assim como você elas tem o direito de estarem com a cara fechada, rabugentas. Imagine só então, se todas as pessoas resolverem externar os seus problemas pessoais e agirem de acordo com as partes ruins da sua vida? Todo mundo viveria amargo, ranzinza, triste e com um semblante tenebroso. O dia-a-dia se tornaria insuportável. O mundo seria um lugar bem mais difícil para se viver.
Mas nada disso precisa acontecer. Não adianta ficar se lamentando, vivendo o sofrimento, querendo que as pessoas tenham piedade de você. Como uma criança que cai e se machuca, mas ninguém vê, e fica ali sentindo pena de si mesma. O importante é entender que nem sempre somos aquilo que transparecemos ser, mas, se tentarmos mostrar as nossas partes boas, tentarmos ser felizes, nos satisfazer com coisas pequenas, talvez o nosso interior também seja tomado só por esses sentimentos melhores, e nos tornemos seres humanos melhores. Não digo para sermos falsos, escondermos nossos defeitos, escondermos quem somos. Isso é falsidade. O que eu proponho é otimismo, ânimo, vontade de mudar.
Eu já fiz o meu teste, hoje mesmo. Acordei com um sorrisão, sem precisar de um grande motivo pa isso, e minha mãe já ficou toda feliz. Espere, eu tenho um grande motivo, na verdade já falei dois. Eu estou viva e eu tenho uma mãe, também tenho um pai, uma casa, uma família, amigos... Já não são motivos suficientes? Distribui sorrisos hoje por onde passei, para quem conhecia e para quem não conhecia também. Muitos se assustaram, outros fingiram que não me viram, mas eu vi que alguns me sorriram de volta. Um simples gesto, mas que pode fazer toda a diferença. Enche o coração de alguém, traz carinho, traz paz. E o melhor, não custa nada, e faz bem pra quem oferta e pra quem recebe.
Em muitos momentos de raiva, um sorriso apazigua. Na tristeza, traz um pouco de felicidade. Na escuridão, uma brechinha de luz aparece. Nos dias nublados, ele pode ser um sol particular. E nos momentos alegres, traz mais alegria.
Sorria, sem motivo, sem razão, apenas pelo prazer da ação, pra ver a reação do outro. Eu já fiz o meu teste, que a partir de hoje será uma constante pra mim. Tente fazer o seu também. Seja a mudança de alguém. Seja também um pequenino sol. Já sorriu pra alguém hoje? Ainda dá tempo.

Yara Lopes

quarta-feira, 12 de maio de 2010

Um presente especial


Eu me lembro com perfeição do dia em que soube que ela existia. Era o fim de tarde, eu estava em casa e minha irmã veio conversar comigo. Ela tinha um semblante preocupado, tive medo do que poderia ser. Estava grávida. Ela já tinha sua vida feita, sua faculdade, seu emprego, mas ainda assim era uma surpresa. Seria para todos nós. Era a menos preocupada dentre nós(as irmãs), a mais leve, a mais livre. Não conseguia imaginá-la como mãe, simplesmente não encaixava. Minha mãe no começo não areditou, até porque minha irmã sempre fazia umas piadinhas de mau gosto, tinha um pezinho no humor negro. E depois ela ficou chocada, não queria aceitar, não acreditava que seria avó.
Depois de um tempinho, as coisas começaram a mudar. Fiquei extremamente animada com o nascimento próximo daquele bebezinho. O início da gestação foi complicado, ela teve de ficar em repouso absoluto, e eu nunca me esqueço das visitas que eu fazia. Me apeguei muito ao novo integrante de nossa família, antes mesmo de conhecê-lo. Ficava conversando com ele, cantando musiquinhas, imaginando como ele seria. Descobrimos que na verdade, era "ela". E aí foi o dilema pra escolher o nome. Eu desde o início votei por Sophia, que foi o escolhido.
No dia em que ela nasceu, foi a maior alegria. Fui ao hospital antes de ir pra escola, mas não cheguei a ver minha pequena. Mas a tarde eu consegui e ela era a coisinha mais fofinha e pequenina que eu já havia visto, e um amor enorme e diferente de todas as outras coisas que eu conhecia brotou em meu coração. Ela era saudável, linda e cheia de vida nova. E essa vida trouxe esperanças e alegrias pra muitas pessoas.
Vê-la crescer é uma coisa magnífica, um verdadeiro milagre. Fico lembrando de quando ela começou a andar, tropeçando, sempre na pontinha dos pés, igual a uma bailarina. Logo, logo ela começou a correr e todos ficavam morrendo de medo dela se machucar. As primeiras palavras também chegaram, juntamente com as expressões novas, os gestos, os gostos. Bastava ela estar presente e ficávamos como bobos, só esperando um novo som, um novo olhar vindo de nossa princesa.
Ela é como sua mãe em vários aspectos, fisicamente as pernas são a maior prova do parentesco, e bem, ela realmente como demais pra uma pessoa tão pequena. É lindo descobrir o que ela gosta de fazer e com quem gosta de brincar. E como tudo isso passou tão rápido e ao mesmo tempo tão devagar. Parece que ela sempre exisitiu, como se a época antes dela fosse apenas um borrão, sem brilho e sem graça.
Hoje a Sophia tem 2 anos e 2 meses e é a criança mais perfeita que eu conheço. É carinhosa, inteligente e fala tudo o que se possa imaginar. Nesse último dia das mães, fiquei observando como ela e minha irmã tem a ligação mais especial do mundo. Aonde a mãe fosse se sentar, ela ia atrás e se sentava ao lado. O que a mãe fosse fazer, ela queria fazer igual, estar sempre perto. Foi também nesse dia das mães que o primeiro presentinho de escola feito por ela chegou. Um cartão com as duas mãozinhas dela pintadas, escrito: " Mamãe, essas são as minhas mãozinhas, quantas travessuras elas já não fizeram? Você se lembra?" Bom, se eu me lembro de tantas coisas que ela já fez, com tantos detalhes, imagino que a mamãe deve se lembrar de todos.
Eu já amava a Sophia, mas também nesse dia, eu estava sentada no sofá, chorando, e ela estava sentada com a mamãezinha dela. Eu nem percebi como foi isso, mas sei que ela se levantou, chegou perto de mim e alisou a minha perna. Me olhou por breves segundos, mas eu nunca mais vou esquecer aquele olhar. Ela estava triste por me ver triste, e tentava me consolar. Não disse nenhuma palavra, apesar de já saber falar "não chora, não", mas acho que não existe palavra em nenhuma língua que pudesse exprimir aquele gesto. E mesmo que eu achasse impossível, eu ainda a amo mais agora.
Eu nunca pensei que aquele dia, aquele fim de tarde pudesse mudar tanto a minha vida, nem a vida da minha família, a vida da minha irmã. A Sophia é o presente que eu nunca pedi, mas foi o que eu fiquei mais feliz em receber. Quem sabe um dia eu receba um diretamente para mim?

Yara Lopes

terça-feira, 11 de maio de 2010

O eu deles no meu


Pais. Família. A base da vida de cada pessoa, ou grande parte delas. Na verdade, crescemos e nos desenvolvemos a partir da vivência do lar, dos princípios e valores passados a nós pelos genitores, dos costumes e tradições que passamos a ter. Todo o processo de criação de personalidade começa em coisas muito pequenas , detalhes de quando ainda somos bebês. É o uso ou não do bico, até quando tomar a mamadeira, o ritual para conseguir dormir, o ursinho que vai ficar em cima da cama por muito tempo... Desde os tipos de comida que gostaremos mais, o time do coração e os gostos musicais até a profissão escolhida a pessoa com quem vai se casar, de uma forma ou de outra, tudo tem um pezinho na criação recebida pelos pais. Eu, felizmente, não posso reclamar da que eu recebi. Meu pai foi uma ótima influência pra escolha do time de futebol e pra músicas lindas que nunca vou esquecer e que, se um dia eu chegar a ser mãe, quero ensinar para os meus filhos também. Minha mãe me ensinou a gostar de inglês, o que se tornou utilissíssimo para mim, e a amar a Deus, o que para mim, é obviamente essencial. Mas, além disso, muitas outras coisas me fizeram ser quem eu sou, garantiram o futuro que tenho condições de ter, proporcionaram oportunidades no passado. É impossível que um dia eu esqueça de um jogo que o meu pai fazia comigo e com meus irmãos. Assistíamos a TV Senado e ganhavamos um prêmio se soubessemos o nome e o partido do político que estava falando. Hoje, eu penso muito em tentar uma especialização em política depois da faculdade de jornalismo, e é claro que isso não surgiu do nada, as raízes nasceram lá atrás, quando eu ainda nem tinha muita noção do mundão que envolve a gente. Minha mãe me ajudava a decorar as capitais do Brasil e as principais do mundo, eu achava divertido, porque ela sempre batia palmas quando eu acertava, ficava toda boba e me abraçava. Como sou a filha caçula, meus pais se preocupava extremamente comigo, até hoje na verdade, e não me deixavam muito ir brincar na rua, essas coisas, tinham medo do que ia acontecer comigo. Teve um lado ruim, eu ficava um pouco só. Mas foi uma das melhores coisas, porque aprendi a gostar ainda mais dos livros, eles se tornaram meus amigos, me levaram a vários lugares diferentes, se tornaram meus melhores amigos e sim, serão eternos. Aprendi também a gostar muito de cantar, lembro que sempre cantava e o meu irmão tocava violão, eu, claro, me achava uma estrela, e sinto falta disso. Minha paixão por filmes vem, novamente, da minha mãe, que até hoje conta com detalhes todos os filmes a que assite, ela se diverte demais fazendo isso, e esse costume me ajudou a ser mais criativa, a imaginar o que eu nunca tinha visto. Com minhas irmãs aprendi muitas coisas também. A criticidade e o recente gosto pra certos tipos de música, a escolha de roupas e os conselhos amorosos, e principalmente a união e o amor inexplicável e gigantesco que consegue ficar sempre maior. No fim, ficaria aqui escrevendo páginas e páginas sobre coisas que aprendi, que vivi com eles. Mas o principal pra mim foi aprender a valorizar a educação, ela vai pra sempre com a gente, onde formos, a humildade a gratidão. E a eles, serei grata eternamente, por sucessos, fracassos, alegrias, tristezas, pelo pouco, pelo muito, por tudo.
Yara Lopes

domingo, 9 de maio de 2010

Adeus 17


Amanhã é meu aniversário, 18 anos. Hoje, portanto, é meu último dia com 17 anos, último dia antes da maioridade. Tá certo que não vai mudar nada na minha vida, a não ser pelo fato de que poderei ser presa, comprar bebidas alcoolicas e cigarro, o que significa que na verdade, tudo vai continuar do mesmo jeito.
Apesar disso, comecei a pensar no que aconteceu comigo de um ano pra cá. De fato, muitas mudanças, provações e dificuldades. Mas vivi muitas coisas boas, que me ajudaram a crescer, a ser um pouquinho melhor. Completei 17 anos longe de casa, estudando pra prestar o vestibular no fim do ano. Um momento muito complicado pra mim, sentia saudades da minha cidade, dos meus pais, irmãos, amigos... Além de tudo, havia a pressão pra ser aprovada em alguma faculdade federal, e isso estava tirando a minha paz. Como sempre, apareceram coisas e pessoas maravilhosas que fizeram tudo valer muito a pena. Fiz amizades incríveis, que me ajudaram a superar a solidão e o medo. Uma se tornou uma de minhas melhores amigas, me ajudou nos momentos em que eu mais precisei, me ajudava quando estava toda enrolada, estudava comigo, me ensinou a andar em Vitória, me levou pro hospital quando eu fiquei doente e me ajudou a fazer minha mudança. Nem sei o que teria sido de mim sem ela me apoiando, e hoje já não sei me ver sem ela. Tive professores que mudaram muito minha visão de ver as coisas, tentaram ser como os pais em sua ausência. E pra minha imensa sorte, tinha um namorado-anjo, que me socorria quase todos os dias, e foi o responsável por manter minha sanidade mental em meio a tantas loucuras.
Morar sozinha. Foi um passo e tanto pra mim. Aprendi a me virar, a ser responsável por mim, pelas minhas ações. Percebi que a comida não aparece no armário se você não vai ao supermercado, que as unhas quebram quando lavamos calças jeans sem máquina e que se a fome chegar, a mamãe não chegara junto trazendo uma comida, ou seja, faça sua comida porque ninguém fará pra você. Essa é a coisa principal: ninguém faz as suas coisas por você. Fazer faxina, pagar as contas, chamar um eletricista se o chuveiro queimar... São coisas simples, mas com as quais eu nçao tinha que me preocupar até aquele momento. E foi maravilhoso, comecei a dar valor a coisas que antes eu mal percebia que existiam.
Tudo isso teve um final hiper fantástico. Voltei pra Teixeira nas férias, esperando os resultados do vestibular, super nervosa, ansiosa, nem conseguia dormir direito. FInalmente minha agonia chegou ao fim gloriosamente, graças a Deus consegui ser aprovada em 4 federais. Parecia um sonho, eu ia poder escolher pra onde ir. Fiquei um mês em Niterói estudando na UFF, aprendi coisa demais, tive experiências incríveis, conheci muitas pessoas legais. Mas, voltei pra minha cidade, decidi esperar aqui o segundo semestre da UFRJ, meu verdadeiro sonho.
Aqui estou agora, decansando e aproveitando minhas férias prolongadas. Lendo muito, assintindo filmes e seriados mais ainda. E claro, comprando esmaltes a melhorando meus dotes de manicure, haha! As pessoas tem sido tudo pra mim, nem tenho como agradecer.
Hoje é meu último dia de uma idade que foi maravilhosa e deixará muitas lembranças. Além disso,é dia das mães,e tive o privilégio de ter minha mãezinha perto de mim, e meu pai também, juntos. Passei um tempo com minhas irmãs e minha sobrinha, ri como não ria há muito tempo. Tivemos até um aventura secreta e como sempre, cantamos muito, desenterrando umas músicas do baú. Foi perfeito, como sempre que estamos juntas.
Uma nova etapa vai começar na minha vida, não só com a chegada dos meus 18 anos, mas com a chegada da faculdade, a mudança de novo, várias outras descobertas. Só tenho que agradecer a Deus por tantas oportunidades, momentos e pessoas maravilhosas que fizeram e fazem parte de tudo o que eu vivi. Família, amigos, casa, faculdade, futuro... Tenho tudo e mais do que eu pedi. Vou sentir muitas saudades das pessoas que estão longe de mim, das coisas que infelizmente tiveram que chegar ao fim. Mas é uma falta boa, com alegria no coração, com esperança de restituição. E estou ansiosa pra tudo o que ainda está por vir. Maioridade, seja muito bem-vinda.

Yara Lopes

sábado, 8 de maio de 2010

(não)Te encontro na avenida



Quem mora em Teixeira de Freitas, Bahia, sabe muito bem o que significa esta época do ano. A cidade comemora o seu aniversário, agora em 2010 completa 25 anos de maturidade política. E para comemorar um acontecimento tão especial temos a conhecida "Festa da Cidade", que para muitos representa um dos melhores acontecimentos do ano. O sistema da festa é simples: são três dias de micareta. Isso é o suficiente para deixar quase todos felizes. Tudo isso acontece na Avenida Presidente Getúlio Vargas, que fica interdida para o posicionamento dos trios elétricos e das barracas de comida e bebida. No começo da noite o som já é ligado, mas o movimento maior começa mesmo a partir das 22 horas, mais ou menos. Eu tenho a sorte de morar nos arredores de onde os trios ficam, ou seja, são três dias de folia para alguns milhares de pessoas e três dias sem dormir para Yara. Eu ainda ganho de brinde prisão domiciliar(não tenho coragem de sair de casa, a cidade fica bem perigosa) e olheiras gigantescas. E como sempre pode ficar melhor, logo depois é meu aniversário, o qual eu acabo passando cansada, irritada e obviamente, com minhas queridas olheiras enfeitando o meu rosto. Muita gente ainda me olha como se eu fosse um ser de outro planeta quando me dizem :"Te encontro na avenida" e eu respondo: "Não conte comigo". Mas eu não sou uma pessoa egoísta(tá, não muito egoísta) e existem várias outras razões pra minha rejeição a isso. Uma delas eu já disse antes, a cidade fica perigosa demais. Apesar do policiamento oferecido pela prefeitura, o número de assaltos aumenta bastante, sem contar com acidentes de trânsito, brigas e até mortes. Fiquei muito triste ao receber hoje à tarde a informação de que ontem duas pessoas morreram na festa, uma caiu do trio e outra foi vítima de uma garrafada na cabeça. E o que era pra ser um momento de comemoração e alegria, muitas vezes acaba em tragédias. Há também o fato de que um dos maiores eixos econômicos de Teixeira é o comércio, que fica super abalado depois desses três dias, pois o dinheiro do mês é gasto com abadá e bebidas. Além de tudo isso, há uma razão ainda mais óbvia: o aniversário da cidade deveria ser comemorado com atividades que mostrassem o que há de bom aqui, com atividades culturais, gincanas, apresentação de artistas regionais, boa música, teatro, poesia... A micareta poderia continuar a noite, essas atividades poderiam ser feitas a tarde. Espere, isso já aconteceu. Anos atrás o sistema era diferente, mas hoje, quem precisa de cultura se existe um axé tocando e você pode descer até o chão? Não tenho direito nenhum de condenar as pessoas que nesse exato momento estão na avenida,pulando, dançando, cantando e até se embriagando. Mas felizmente eu tenho escolha e fico satisfeita em permanecer no conforto do meu lar, segura e contando os minutos pro fim de semana acabar. Enquanto isso, coloco um som alto, em tentativas inúteis de abafar o som da banda "Batida Baiana" que inunda o ambiente agora...

Yara Lopes

quinta-feira, 6 de maio de 2010

Os melhores momentos da minha vida


Certamente a vida é feita de momentos e pessoas, que deixam marcas fortes, fracas ou simplesmente passam despercebidos. Momentos bons, na maior parte das vezes, vem acompanhado de pessoas boas, ou ao menos de pessoas que parecem ser boas para você na situação. Lugares bonitos, dias sem preocupação, diversão, apenas coisas alegres, e, obviamente pessoas alegres compartilhando esse momento com você.
Parece que felicidade atrai mais felicidade. Geralmente quando chega uma notícia boa, outras coisas boas começam a acontecer também. Muitos chamam isso de “maré de sorte”. Usando a lógica, então, será que coisas ruins atraem mais coisas ruins? Se passamos por situações difíceis, não conseguimos fazer as coisas darem certo, então teremos pessoas ruins ao nosso lado? Ou então pessoas tristes, que também estão passando por momentos difíceis? Tá, um pouco pior, será que teremos pessoa alguma? Dessa forma podemos concluir que pessoas afortunadas serão cada vez mais afortunadas e pessoas não agraciadas com a sorte seriam cada vez mais infelizes. Certo? Errado!
A boa notícia para todos nós é que diferentemente da matemática, a vida real não é uma ciência exata, não se pode calcular o que acontece, planejar usando a pura lógica. Depois de várias experiências, pude perceber que os momentos ruins acabaram me marcando com mais força do que os momentos bons. Mas isso me trouxe coisas maravilhosas, e essas sim são as que ficarão comigo pra sempre. Quando eu estive triste, sofrendo e precisando de ajuda, eu vi pessoas ao meu lado. Não pessoas tristes ou pessoas que passavam pelos mesmos problemas que eu. Pessoas que se importavam comigo, que ofereceram um abraço de conforto, uma palavra de motivação e horas e mais horas de seu tempo para ouvir os meus lamúrios. Pessoas que estavam felizes por estarem ao meu lado, mas que se entristeciam com o meu sofrimento. Pessoas que não saíram do meu lado até eu me recuperar e estar pronta pra enfrentar todo o resto que eu ainda teria de enfrentar. Amigos. O mais impressionante é que eles parecem estar mais presentes nos momentos em que eu preciso de apoio do que quando eu estou bem, o que me mostra quanta sorte eu tenho, quão abençoada eu sou em ter quem goste de mim, não de algo legal que eu viva ou tenha.
Numa situação recente complicada, comecei a analisar a reação das pessoas ao que eu estava passando. Minha melhor amiga me ouviu, me abraçou e tentou não me dizer muitas coisas, mas a sua presença silenciosa falava milhões de palavras doces ao meu coração. Ela dispôs de todo o seu fim de semana em casa comigo, pintou minhas unhas umas 10 vezes, assistiu o jogo de futebol que nem era do seu time e levou uma sobremesa maravilhosa(isso foi mais pra minha mãe, mas eu me aproveitei, claro). Eu sei que ela tinha um monte de coisas pra fazer, trabalho de faculdade, guarda-roupa pra organizar, talvez sair com outros amigos e descansar do trabalho. Mas ela ficou comigo, como sempre, e eu nunca vou esquecer. Minha mãe está tentando me deixar dormir até a hora que eu quiser, não reclama quando eu faço algo errado e voltou a fazer meu café da manhã. Ela está fazendo um esforço enorme pra não conversar comigo sobre o assunto do jeito que eu pedi, e eu fico muito feliz com isso. Alguns amigos tentaram me aconselhar, disseram que vai dar tudo certo, mas acho que ficam longe com medo de eu dar uma crise a qualquer momento. Mas dois me chamaram mais atenção. O primeiro está sendo incrivelmente atencioso comigo, e me mostra que se importa com pequenas coisas, como tentar passar na minha casa só pra ver se eu estou bem no intervalo entre o trabalho e o cursinho, e gravar meus seriados favoritos pra eu poder me distrair um pouco. O segundo decidiu que não ia consolar porque era meio depressivo. Foi sincero comigo, mas sei que se compadece da minha situação. Para tentar me ajudar ele me forneceu o nome do meu blog, fato que realmente me alegrou bastante, conversa comigo como se eu fosse normal(o que é a realidade) e não como se eu fosse enlouquecer e me manda coisas legais como músicas de novos nomes da MPB e ideias para contos. Mas principalmente ele tem um jeito brincalhão de aumentar minha auto-estima, e eu gosto disso. Ah, e não poderia me esquecer da minha irmã que se ofereceu pra fazer caminhadas comigo, o que se tratando dela, é praticamente a concretização de um milagre. Além disso ela me liga pra falar piadas de humor negro, o que sempre funciona.
Depois de todo esse blablabla sentimentalista, o que eu quero dizer é que pra mim os momentos ruins acabam sendo os melhores momentos da minha vida. São neles que eu redescubro a amizade e me lembro de agradecer por ela existir pra mim, que vejo valor no que pode parecer pequeno e brilho no que estaria apagado. No fim, infortúnios também trazem um pouco de sorte, tristeza traz também felicidade, separações podem reaproximar. Isso vai depender de como você lida com tudo isso, do que você escolhe. A minha dica? Quem sabe olhar a vida sem óculos e andar por ela descalço?

Yara Lopes

terça-feira, 4 de maio de 2010

Campeão absoluto deste ano


Para inaugurar esse blog eu não poderia deixar de falar da final do Campeonato Paulista de 2010 e da sucessão de eventos que presenciei por conta dele.
Não posso ser considerada uma grande fã do futebol, mas como boa brasileira, gosto de um bom jogo, torço e vibro pelo meu time de coração e obviamente pela seleção. No meu caso, aprendi a amar o Santos, por influência do papai, que sim é extremamente fanático, fato que poderão comprovar até o fim desse texto.
Ao falar do Santos, muitos logo pensam no Rei Pelé, que teve seu primeiros dias de glória na Vila Belmiro, ou mais recentemente na dupla Diego e Robinho, que deu um grande show e ajudou na conquista da taça do Campeonato Brasileiro em 2002 e 2004. Mas enste ano tudo isso mudou, e o Brasil inteiro está de olho no Peixe, todos maravilhados com o espetáculo dos meninos da vila.
Neymar, Robinho, Paulo Henrique Ganso, André, entre outras feras conferiram ao time o melhor ataque do Paulistão 2010, fazendo com que os amantes do futebol, santistas ou não, se emocionassem a cada passe, cada jogada, e cada gol, e que gols.
No domingo às 4 da tarde, a família toda estava reunida aqui em casa pra ver o nosso glorioso jogar contra o Santo André. Ninguém duvidava que a taça estava em nossas mãos. Mas o jogo não foi tão fácil quanto podíamos esperar com base nos outros resultados.Toda vez que o Santo André dominava a bola gritavamos furiosos e já nos últimos minutos do segundo tempo, ninguém mais estava sentado. A minha mãe, que tem pressão alta, já estava quase dando um ataque, morrendo de medo de um gol que tiraria de nós o sonho da vitória.
Mas o jogo terminou e o Santos foi campeão. E foi aí que a festa começou. Não temos muitos santistas aqui em Teixeira de Freitas, mas o meu pai não se importa, e sozinho compensou uma torcida inteira. Colocou a hino bem alto no carro e foi pras ruas munido de bandeiras, gritos e muita alegria. Parava nos principais pontos da cidade, onde tivesse muita gente, descia do carro e gritava, tirava e rodava a camisa alvinegra, fazia pedaladas, brincava com as pessoas, dava um verdadeiro show. Tudo isso durou umas 3 horas, e só para destacar, não houve inclusão de bebidas alcoolicas. No outro dia, em plena segunda feira, o processo foi repetido, mas dessa vez com uma novidade: assim como o pai do Neymar, o meu pai também fez um moicano, em homenagem ao craque e revelação santista. Sim, ele foi a sensação da cidade, mostrando a sua paixão que vem desde 1963, quando era apenas um menino de 5 anos de idade.
Pode-se pensar: vinte homens correndo atrás de uma bola, dois homens defendendo uma rede, pessoas gritando por isso quase irracionalmente? Pra quê tudo isso? Vamos fazer algo mais proveitoso com o nosso tempo livre. Tá bom, essa desculpa não cola. Tente pensar nisso numa final de um campeonato ou da Copa do Mundo, desligar a TV ou sair do estádio para ir ler um livro. Impossível. Gritemos quase irracionalmente, pois, com o coração na mão durante os emocionantes 90 minutos como bons brasileiros que somos. E claro, para finalizar:
"Jogue onde jogar, és o leão do mar, salve o nosso campeão"
Reverências ao time soberano do futebol brasileiro, por favor.

Beijinhos meus queridos e até breve.

Yara Lopes