sábado, 8 de maio de 2010

(não)Te encontro na avenida



Quem mora em Teixeira de Freitas, Bahia, sabe muito bem o que significa esta época do ano. A cidade comemora o seu aniversário, agora em 2010 completa 25 anos de maturidade política. E para comemorar um acontecimento tão especial temos a conhecida "Festa da Cidade", que para muitos representa um dos melhores acontecimentos do ano. O sistema da festa é simples: são três dias de micareta. Isso é o suficiente para deixar quase todos felizes. Tudo isso acontece na Avenida Presidente Getúlio Vargas, que fica interdida para o posicionamento dos trios elétricos e das barracas de comida e bebida. No começo da noite o som já é ligado, mas o movimento maior começa mesmo a partir das 22 horas, mais ou menos. Eu tenho a sorte de morar nos arredores de onde os trios ficam, ou seja, são três dias de folia para alguns milhares de pessoas e três dias sem dormir para Yara. Eu ainda ganho de brinde prisão domiciliar(não tenho coragem de sair de casa, a cidade fica bem perigosa) e olheiras gigantescas. E como sempre pode ficar melhor, logo depois é meu aniversário, o qual eu acabo passando cansada, irritada e obviamente, com minhas queridas olheiras enfeitando o meu rosto. Muita gente ainda me olha como se eu fosse um ser de outro planeta quando me dizem :"Te encontro na avenida" e eu respondo: "Não conte comigo". Mas eu não sou uma pessoa egoísta(tá, não muito egoísta) e existem várias outras razões pra minha rejeição a isso. Uma delas eu já disse antes, a cidade fica perigosa demais. Apesar do policiamento oferecido pela prefeitura, o número de assaltos aumenta bastante, sem contar com acidentes de trânsito, brigas e até mortes. Fiquei muito triste ao receber hoje à tarde a informação de que ontem duas pessoas morreram na festa, uma caiu do trio e outra foi vítima de uma garrafada na cabeça. E o que era pra ser um momento de comemoração e alegria, muitas vezes acaba em tragédias. Há também o fato de que um dos maiores eixos econômicos de Teixeira é o comércio, que fica super abalado depois desses três dias, pois o dinheiro do mês é gasto com abadá e bebidas. Além de tudo isso, há uma razão ainda mais óbvia: o aniversário da cidade deveria ser comemorado com atividades que mostrassem o que há de bom aqui, com atividades culturais, gincanas, apresentação de artistas regionais, boa música, teatro, poesia... A micareta poderia continuar a noite, essas atividades poderiam ser feitas a tarde. Espere, isso já aconteceu. Anos atrás o sistema era diferente, mas hoje, quem precisa de cultura se existe um axé tocando e você pode descer até o chão? Não tenho direito nenhum de condenar as pessoas que nesse exato momento estão na avenida,pulando, dançando, cantando e até se embriagando. Mas felizmente eu tenho escolha e fico satisfeita em permanecer no conforto do meu lar, segura e contando os minutos pro fim de semana acabar. Enquanto isso, coloco um som alto, em tentativas inúteis de abafar o som da banda "Batida Baiana" que inunda o ambiente agora...

Yara Lopes

2 comentários:

  1. nossa yara. Odeioo ssa festa também. Moro aqui na avenida, perto do palco e num ponto de parada do trio. Sei bem o que vc passou..
    Beijos

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  2. para de ser boba yara queria ver se voce morase em bh a que eles nem lembra da data de aniver da cidade

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